CicloAventura 2011"Retratando a Rio Santos, A Rodovia Mais Bela do Brasil"

terça-feira, 19 de julho de 2011

14/07/2011 Etapa: H Trecho: Praia de Picinguaba (Ubatuba) à Parati 35 Km

O dia clareou e o som do mar chegava até a nossa porta, pois a pousada era “pé na areia”. Durante o café da manhã tivemos a oportunidade de conversar com os outros hospedes que estavam conosco sentados à mesa coletiva. O Julinho veio para o café e, no meio da conversa, foi fazendo a sua entrevista. Todos que ali estavam poderam participar daquele momento mágico! Mágico porque tínhamos a participação de todos e era tudo que eu queria: “poder falar abertamente para pais, filhos e avôs, sobre a nossa viagem e as lições aprendidas.”

Esse trecho era pequeno, então podiamos nos dar ao luxo de curtir Picinguaba e sair um pouco mais tarde. Logo depois o João Gabriel entrou no ar com a Maria Helena Amorim, no programa Cruzeiro em revista da Rádio Cruzeiro FM dando no nosso Diário de Bordo. Coloquei o programa no ar via internet e fiquei ali escutando o programa. Fiquei orgulho de ver a naturalidade que o meu filho falava ao vivo no programa. Assim que terminou a entrevista, uma hospedes elogiou a desenvoltura e clareza com que o João Gabriel falou com a entrevistadora .Isso para mim foi o máximo, pois essa senhora é professora de história aposentada, e possuidora de uma enorme cultura. Então. a opinião dela, foi uma grande referência para mim.

Despedimos-nos de todos e, com dor no coração ao deixarmos para trás aquele lugar maravilhoso, pegamos o caminho até Parati. Entrávamos na reta final da nossa ciclo aventura!

Já de início, encaramos  uma serra de 7 km, que é exatamente a serra que divide o estado de São Paulo e Rio de Janeiro. Saímos de Picinguaba com um calor de 28 graus e chegamos no alto da serra com 15 graus. Fizemos uma parada na cachoeira de Escada. Nesse local temuma choupana na beira da pista que foi transformada em uma pequena lanchonete. Lá conhecemos outro “Zé”, um senhor de poucas palavras que nos atendeu de forma educada. 


Era uma lanchonete bem simples e a chapa de lanches era em um fogão de lenha, imaginem o sabor desses sanduiches! Pedimos um de calabresa e enquanto ele fazia o lanche na chapa do fogão de lenha, ficamos conversando e observando a imponente cachoeira, com mais de trinta metros de queda d’agua, e também pequenos pássaros que rodeavam o local.

O homem simples simpatizou-se  conosco e nos contou um pouco da sua vida.

Voltando a pedalar, cruzamos a divisa dos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro. Festejamos muito, pois logo estaríamos em Parati e dali para frente erá só alegria. O sol já brilhava e o caminho, praticamente, era só descida e reta. O joâo Gabriel fez uma parada brusca no acostamento e quase que dou uma trombada com ele. Que susto! Mas valeu a pena, porque ele parou para observar um TATU que ali estava. Tentei fotografar o momento, mas o TATU, rapidamente, se embrenhou na mata e ficamos apenas com a lembrança daquela cena.







No caminho até Parati encontramos comunidades quilombolas, casa da farinha, artesãos vendendo seus artesanatos. Mas, o que mais me impressionou, foi ver uma montanha de lixo na beira da rodovia infestada de urubus. Infelizmente era uma imagem horrível, pois ao fundo daquela montanha de lixo, está a indefesa Mata Atlântica! Que tristeza! Durante a nossa viajem contemplamos tantas paisagens belíssimas e, aquela não tinha nada de bela.




As 16hs avistamos a baia de Parati e a felicidade explodia em nossos corações. Estávamos a alguns minutos de completar a nossa cicloaventura que, inicialmente seria 345 km e no final contabilizamos 427 km. Cruzamos o portal da cidade e fomos direto para a igreja Nossa Senhora do Rosário no centro histórico de Parati, pois seria lá o nosso ponto de chegada.  Quando entramos no centro histórico tivemos que descer das bicicletas porque o calçamento não nos permitia pedalar. Fomos abordados por várias pessoas que nos viram na estrada durane o nosso percurso e nos parabenizavam pelo feito e quando percebiam que eram pai e filho em uma aventura, teciam elogios pela nossa atitude e coragem. Quando chegamos na frente da Igreja do Rosário fomos abordados por uma Sorocabana que nos reconheceu de imediato, pois ela estava no parque das águas em Sorocaba, no dia 03/07 quando largamos junto com os corredores da Corrida Solidária do Jornal Cruzeiro do Sul. Ela também tinha nos visto na estrada, pois estava com a familia e tinha vindo a Parati para visitar a FLIP (Feira Literária Internacional de Parati) evento de grande representatividade no calendário internacional de eventos literários.

Em seguida fomos para o camping e aguardamos a chegada da minha família. Enquanto isso, vários campistas que ali estavam, vieram ao nosso encontro,  e logo ficamos populares e pudemos contar sobre a nossa aventura., De repente o Devanir, um campista de Campinas falou, lá vem um carro com um enorme barco amarrado no teto. Olhamos para a direção apontada pelo Devanir e logo que o carro parou, abracei a minha esposa,  minha filha e o meu pai com toda a alegria. O choro foi inevitável! O João também abraçou a sua mãe, irmã e avô. Passamos três dias em família, dias esses que, jamais sairão das nossas memórias.

Por fim, no domingo 17/07 arrumamos todo o equipamento no carro e retornamos para Sorocaba fazendo, exatamente, o mesmo caminho, só que, desta vez, de carro!

Podemos dizer que já estamos com saudades de todos os momentos e situações que passamos juntos.

Está aventura acabou  mas ........... vem mais por ai .......

Obrigado a todos que nos acompanharam por todos esses dias ......

Valeu pessoal e confiram as novas aventuras pelo site www.sandroribas.com

13/07/2011 Etapa: G Trecho: Praia de Itagua à Picinguaba - Ubatuba 49 Km

Já eram 05hs da manhã e eu já estava escrevendo o diário de bordo e, revendo as minhas memórias dos fatos do dia anterior. Enquanto relembrava, também observava o meu filho João Gabriel dormindo e, em minutos, reprisei 17 anos de história familiar. Foram flash de momentos inesqueciveis que ficarão para sempre na minha memória. Senti um enorme vontade de ficar preso a esse curta-metragem, mas a vida continua e continuei a escrever o diário de bordo. Logo o João Gabriel acordou e fomos tomar café da manhã, em seguida arrumamos a bagagem e colocamos o pé na estrada, ou melhor, o pé no pedal e fomos o rumo à praia de Picinguaba, a ultima praia de Ubatuba que faz divisa com o estado do Rio de Janeiro.





Seguimos pedalando pela orla da praia de Itagua e, por volta das 10h30min, entramos no ar, ao vivo e por telefone, no Progrma Cruzeiro em Revista com a radialista Maria Helena Amorim, na rádio Cruzeiro e, após falarmos para os ouvintes, pegamos a rodovia sentido Rio de Janeiro. 
Já na Rodovia avistamos a praia vermelha (Ubatuba).Lembrei-me de quando era criança quando meu pai praticava pesca submarina no costão da praia. Que boas lembranças! Não resisti e fizemos uma pequena parada onde ficamos observando aquela imensidão de água cor esmeralda que contrastava com a faixa de areia! Que paisagem.maravilhosa!

No sobe e desce das serras, de um lado a Mata Atlântica, com toda a sua exuberância, encontramos pedras que choram e uma grande quantidade de cachoeiras que formam rios de águas claras, que vão ao encontro do mar onde se fundem em pequenas barras de rio e, do outro lado, costões rochosos com delicados recortes formados pelas ondas do ma, que bate com violência, formando pequenas enseadas e sacos. Sem dúvida alguma Ubatuba concentra uma das mais belas paisagens e praiais de todo o nosso roteiro.







Estávamos  cansados de pedalar quando avistamos a placa, na beira da rodovia, que nos dava boas vindas: “Nucleo Picinguaba”, essa foi uma marca importante, tanto quanto, quando passamos pelo portal de UBATUBA. Tínhamos uma expectativa muito grande de conhecer Picinguaba.

Deste momento em diante pedalamos com mais entusiasmo que foi aumentando, quando, mais adiante, avistamos uma outra placa da Secretaria do Meio Ambiente, apontando Núcleo Picinguaba a direita da pista. Pegamos uma pequena estrada de terra a direita, conforme a placa indicava . Pedalamos uns 2 km e logo chegamos ao portal do Núcleo Picinguaba e na portaria fomos informados que o camping e a lanchonete só funcionam aos finais de semana e que teriamos melhor estrutura na vila de pescadores, que estava a 6 km adiante. Na realidade, a nossa programação era para chegar na vila, mas pegamos o caminho errado. Voltamos na rodovia e após pedalar os 6 km,  chegamos na Vila de Pescadores na Praia de Picinguaba.

Foi um choque! Nunca tínhamos visto um local com uma identidade única que, nem a ciência consegue clonar tal DNA. Um lugar onde o mar e a cultura cabocla se fundem com culturas de outros povos, como por exemplo, os europeus. Os franceses e alemães visitam constantemente esse local e, o mais curioso, é que caiçaras e visitantes conseguem comunicar-se,  seja em uma roda de musica ou final de tarde quando os pescadores retornam do mar com o fruto da pesca.





Hospedamos-nos na pousada da Rosa de Picinguaba. Rosa era – ela faleceu no final do ano passado - uma artista plástica local, conhecida também na Europa, que desenvolvia trabalhos de cerâmica e pintura em tela, num estilo contemporâneo, porém, com traços na sua raiz. Depois de estarmos instalados, fomos jantar no restaurante do PETTER, um descendente de alemão muito atencioso, que nos serviu o jantar pessoalmente, e podemos degustar um delicioso prato a base de peixe, é claro.

Voltamos à pousada e enquanto o João Gabriel pescava nas pedras, fiquei por ali observando as crianças brincando com um brinquedo que lembrou a minha infância. Era um lançador de disco que ao centro tinha uma hélice e conforme puxava uma corda o disco era lançado para cima.



Fui para a sala da pousada onde se encontrava um grupo de pessoas assistindo o jogo do Brasil, mas, como o jogo não estava interessante, começamos a falar sobre a minha viagem de bike. O assunto rendeu tanto que o Julinho, filho da falecida Rosa de Picinguaba, quis nos entrevistar para uma matéria na sua coluna da revista RIDER´s.

A paisagem e o clima são tão diferentes, que não dava vontade de ir dormir. O sono custou a chegar.

12/07/2011 Etapa: F Trecho: Caraguatatuba à Praia de Itágua - Ubatuba 44 Km


O barômetro apontava alta de pressão atmosférica e o termômetro também indicava os 26 graus. O Sol brilhava no horizonte da praia de Massaguaçu e logo estávamos animados, pois chegar a Ubatuba era uma marca importante, porque já tínhamos pedalado 296 km e passado por todas as serras e morros, e que morros!



Optamos por pedalar o máximo pela beira-mar, passando pela praia da Cocanha onde tem uma ilha de frente com a praia. Essa praia é bem calma e pudemos obsevar famílias e crianças brincando na areia.





Saímos na rodovia e dá–lhe pela. Logo passamos pela praia da Caçandoca aonde tem uma comunidade Quilombola, mas como estávamos atrasados não deu para entrar no Quilombo, pois ele fica a uns 4 km da estrada e o caminho é muito ruim.

Avistamos o portal de Ubatuba e tocamos para frente. Passamos pelas praias da Fortaleza (nossa, que praia linda!) e atravessamos o morro da Praia Dura,  paramos para fotografar a praia de cima da ponte do Rio Escuro que deságua nessa praia. Ali conhecemos um casal de Bikes o Zé, filho do Cel. Hélio figura bem conhecida em Ubatuba, e sua esposa, que por sinal muito simpática. Pedi a ele que tirasse uma foto nossa naquele lugar maravilhoso e depois conversamos sobre marinha. O Zé é velejador e curte fazer trilha de bicicleta  e quando estávamos nos despedindo o ZÉ, gentilmente, nos deu o seu telefone e colocou-se a disposição para nos ajudar, caso precisássemos.
 À medida que íamos ganhando a estrada, fomos avistando as belas praias de Ubatuba: Lázaro, Saco da Ribeira, Toninhas e Itaguá.

 
Zé filho do Cel. Hélio e sua esposa 




No nosso caminho fomos conhecendo pessoas incríveis, inclusive quando paramos em uma bicicletária na praia da Tabatinga para calibrar os pneus. Conhecemos uma gurizada que logo ficou encantada com o visual das bikes e perguntaram o que era aquela carga toda. Ficaram elétricos com a possibilidade de poder acompanhar a viagem pela Internet.  Eram garotos com idade entre 12 a 15 anos, a geração internet. Dei atenção para eles e de posse do endereço do nosso site, prometeram visitar-nos no Facebook,  No mesmo dia. Ainda na rodovia, avistamos a praia do Lázaro e uma marina com grandes veleiros, lanchas e iates. Ficamos ali admirando e sonhando com o dia que iremos comprar no nosso veleiro e aventura-se pelos mares do mundo.




Estávamos  subindo um morros entre o mirante da praia do Lázaro e das Toninhas, quando um carro Santana parou no acostamento e o motorista sinalizou indicando que queria falar conosco. Era outro casal de bikers e sua filha que estavam curiosos para saber qual o roteiro que estávamos fazendo, pois no dia 03/07, eles tinham nos vistos na rodovia Castelo Branco, na altura de São Roque. Conversamos e tiramos algumas fotos juntos e depois nos despedimos, seguindo viagem. 


Biker's  DEBORA e WAGNER
Passamos por uma pastelaria e não resistimos à tentação. Comemos seis pastéis e tocamos para praia de Itagua onde nos hospedamos no Pousada Porto Itagua que fica à beira-mar. À noite fomos comer uma caldeirada à brasileira, com tudo que tinha direito. Comemos tanto peixe e frutos do mar que o João saiu torto do restaurante!







Realmente, não sei se vou emagrecer tudo o que preciso, mas uns quiilinhos já foram, pois as bermudas estão folgadas....

quinta-feira, 14 de julho de 2011

11/07/2011 Etapa: E Trecho: Ilha Bela à Caraguatatuba 40 Km

Passamos o final de semana na Ilha Bela,, e como é bela é quase surreal. A temperatura estava agradável, passeamos pelas orlas das praias do norte da ilha , fomos até a vila e ao Iate Club onde estava rolando a semana da vela. Na volta eu fui pegar uma prainha, enquanto o João pescava no píer. Fiquei tomando um sol junto ao quiosque na praia e, no guarda sol ao lado tinha uma família muito simpática. Logo fizemos amizade com o Oscar e sua mãe . O Oscar é um arquiteto que trabalha em São Paulo e os seus pais e seu irmão são moradores  da Ilha há mais de vinte anos. Foram muito simpáticos conosco e ao contarmos sobre a nossa viajem, ficaram impressionados com a nossa disposição.





  
Na segunda-feira acordamos cedo e desmontamos o acampamento. Depois de três horas de arrumação de toda carga nos alforje e bagageiro das bikes, conseguimos sair. Pegamos a balsa para São.Sebastião, passamos pelo centro da cidade que foi revitalizado e ganhou um espaço para eventos e shows. O centro de São Sebastião é bem colonial com casarões e vielas estreitas, assim como vemos nas novelas ou minisséries de época.







Entramos na BR 101 e fomos pedalando no sentido norte, A estrada estava bem movimentada e alguns trechos não tem acostamento e tivemos que pedalar sobre a faixa lateral e sinalizar com a mão direita para os veículos diminuírem a velocidade.



As praias são lindas com água na cor de esmeralda e trechos azulados. Que coisa mais linda!





Subimos um morrinho entre São Sebastião e Caraguatatuba e avistamos a linda imagem da praia da enseada de Caraguatatuba e ao fundo a Ilha Bela. Pena que nessa época do ano tem muito nevoeiro no mar que praticamente cobre a Ilha Bela e deu para observar apenas a silhueta dos picos da Ilha Bela.



A pedalada em Caraguatatuba é um retão de mais ou menos 15 km. Em um ponto da rodovia entramos para o centro e fomos pedalando a beira-mar pela ciclovia, passando pelas praias  Martins de Sá e Coanha onde paramos para almoçar em um restaurante bem simples.  Pedimos dois pratos feitos que parecia um prato de estivador e, proporcionalmente, tinha as mesmas dimensões da serra de Maresias. Em um único recipiente tinha feijão, arroz, macarrão, três filés de merluza  e em recipientes diferentes salada verde e gelatina.





Era tudo que o João queria: comida! Mas o prato era tão grande que não conseguimos comer tudo. Na hora de sair, a dona do restaurante nos falou: “Comam a gelatina, ela vai fazer bem para vocês”.logo respondi: “ A senhora fez um prato de avó para nós, não é mesmo?”  Ela sorriu  e fomos embora. Mais uns quarenta minutos de pedalada e chegamos na praia de Massaguaçu onde conseguimos um chalé bem ajeitadinho no camping El Shaddai. No percurso de Martins de Sá a Massagaçu conhecemos um senhor muito simples, mas de uma sabedoria  e cultura impressionantes, que nos acompanhou de bicicleta até a entrada do camping.





Hospedamos-nos, fizemos um lanche e fomos dormir, pois o próximo dia seria uma pedala puxada com destino à UBATUBA.      



terça-feira, 12 de julho de 2011

08/07/2011 Etapa: D Trecho: Boiçucanga à Ilha Bela (São Sebastião) 36 Km

Acordamos, dispostos e descansados, com o som das ondas estourando na areia da praia e o sol já raiando na serra. Tomamos o nosso café da manhã, pegamos a estrada e, logo  na saída de Boiçucanga, já começava a serra de Maresias, uma grande muralha de rocha. Pedalamos e empurramos as bicicletas por longos três quilômetros sem acostamento e, ao chegar no alto da serra, a trezentos metros acima do nível do mar, lá estava a recompensa: um visual incrível! A mata Atlântica com canários, maritacas e o som do mar ecoando entre os morros. Nunca havia percebido como é incrível poder ver toda essa beleza e espetáculo à caminho do mar!









Como  nós subimos a serra, agora vinha a melhor parte: descer a serra! E que descida! A bike voava entre as curvas da serra chegando a bater os 54 km/h e, segundo o João Gabriel, essa foi a melhor velocidade atingida desde o começo da nossa viajem. E, de repente, surge o mar de Maresias à nossa frente como se fosse uma pintura. Conseguimos encontrar um mirante e paramos para admirar aquele mar de beleza. O João Gabriel me falou de forma admirada: “Pai, olha que coisa linda, são parceis na praia! Parceis são estruturas submersas formadas por rochas e corais que desenvolvem um ecossistema marinho. O desenvolvimento desse ecossistema acaba, na maioria das vezes, tornando-se, indiretamente, bons pontos de mergulho e pesca. Ficamos ali, observando os parceis de Maresias.







Passamos por Maresias e continuamos a nossa viagem, firmes no objetivo de chegarmos até o final da tarde em Ilha Bela. Mais uma vez, serra. Sobe serra, desce serra e mais praia. E que praias! À direita da estrada, de repende, surge um rosto familiar! Era o nosso amigo Fábio Soalheiro, velejador experiente e morador de Blumenau. Ele estava votando de São Sebastião, então parou o carro e nos abraçou fortemente. Como foi bom ver o Fábio! Senti-me amparado naquele momento. Depois de conversarmos um pouco com nosso amigo, nos despedimos e continuamos a subir as serras e, a cada final de serra, uma bela paisagem. Na praia de Toque-Toque Grande tem uma cachoeira de mais ou menos de quarenta metros de queda d’água e fica bem na beira da rodovia.






Paramos em numa padaria em Baraqueçaba por volta das 15hs para almoçar, de preferência algo bem leve, pois ainda tínhamos que chegar em São Sebastião e fazer a travessia da balsa par a Ilha Bela. E mais serra! Mas nenhuma compara-se com a de Maresias. Entre o sobe e desce de serra, a rodovia vai se revelando cada vez mais bela e a nossa intimidade com ela, também vai aumentando.  De alguns pontos já dava para avistar uma pontinha da Ilha Bela, mas o melhor veio no alto da serra entre Baraqueçaba e São Sebastião. Lá estava a Ilha Bela e, do ponto que estávamos, dava para ver uma ponta de Caraguatatuba. Ficamos ali observando o azul do mar e os  petroleiros que chegavam e saiam do terminal de carga de São Sebastião .





Descemos a serra por volta de 18hs e novamente o meu filho João Gabriel alçou vôo sobre as rodas da sua Caloi Easy Rider, bateu os 59 km/h. Que delicia! O vento batia no rosto e o gosto da vitória já brotava nos nossos sentimentos. Fizemos a travessia de São Sebastião para a Ilha Bela  e fomos para o lado norte da Ilha, para o camping e pousada PALMAR. Já era noite quando  montamos a nossa barraca no camping.





Jantamos e fomos dormir. Não tínhamos mais energia, pois o dia tinha sido puxado. Mas valeu a pena!

O tempo melhorou e resolvemos ficar os dois dias seguintes em Ilha Bela. A vida de aventureiro não é só emoção e belas paisagens, também temos muitas responsabilidades. No Camping temos que acordar cedo ecolocar tudo para fora da barraca para tomar sol, depois limpar a louça, cozinhar e lavar a roupa suja do dia anterior. Todas essas tarefas são distribuídas entre nos dois.

Durante a nossa estadia na Ilha Bela podemos pescar, andar de bike pelas belas ciclovias, avistamento de tucanos e papagaios em bando conhecemos várias pessoas que simpatizaram com a nossa aventura e no final da tarde de hoje, dia 10, o João finalmente conseguiu pescar um Robalo Peva  com a suas iscas artificiais! Neste momento fiquei muito feliz, tanto quanto ele, pois já faz muito tempo que ele vem falando desse peixe e finalmente esse dia chegou. Nossa, quanta euforia! Para ele esse peixe é como um troféu.


Amanhã vamos para Caraguatatuba e ficaremos hospedados no camping Al Shaddai, na praia de Massaguassu, à beira da rodovia Rio-Santos e depois seguiremos para Ubatuba.

Esta aventura de bike, realmente, não é para qualquer um, o trecho tem muita serra.

07/07/2011 Etapa: C Trecho: Boiçucanga (São Sebastião)

Resolvemos ficar um dia em Boiçucanga para conhecer esta praia tão bela! No deck do hotel, da para ver a praia de tombo com areia grossa e as ilhas ao fundo, que embelezam a paisagem.







Optamos por ficar a primeira noite em um hotel, porque fazia muito frio e precisávamos de um lugar que tivesse alguma estrutura para lavar roupas e, também, para nos sentirmos bem, pois uma viagem desse porte consome muito do ser humano e, sinceramente, não da para acampar a todo o momento. Fazer uma expedição em área remotas, como foi a Travessia de Caiaque em 2010, é muito diferente. Quem chega a uma comunidade 100% caiçara, em uma ilha no meio do nada, é bem recebido e até vira atração do local. Mas quando chega, montado em uma bike, em uma cidade ou balneário onde a urbanização, especulação imobiliária, o consumismo e a civilização chegou a 100%, a recepção  é outra. As pessoas olham de forma diferente e com uma certa discriminação, então não tem como se sentir acolhido. Somente quando saca da carteira um pacote de dinheiro ou um cartão TOP como o American Express, é que as coisas mudam. Você acaba virando até doutor e as portas se abrem. E você vira atração:  - “ Puxa vida! Viu o cara da bike bonitona? Ele e seu filho estão em uma travessia! Que lindo pai e filho numa aventura....que coragem de vocês....LINDO” - pois é isso que acontece na maioria das vezes. Mas felizmente, nem tudo é tão falso! Também encontramos pessoas que valorizam e entendem esse momento que estamos vivendo, embora sejam poucos, mas existem e estão entre os mais simples. Os mais favorecidos e de uma classe social mais alta, na sua maioria, torcem o nariz e se abusar passam por cima da gente como se fossemos uma barata imunda.

Desculpe gente, foi só um desabafo! Mas vamos ao que interessa. No meio dessa conversa toda, conhecemos o Sr Paulo, um vendedor do guia turístico, que gostou muito da nossa história e, gentilmente, nos deu um exemplar de cada guia, e ainda nos sugeriu publicarmos a nossa história no guia turístico do litoral brasileiro de 2012 . Também conhecemos o Rodrigo Mutuca, de Maresias. Gente boníssima! Ele tem uma loja de artigos de pesca e caça, no shopping do centro e junto com ele conhecemos o Amargedon e o Silvestre que têm uma operação de pesca de mar com caiaques sit on top. “Oba! Achei os caras certos!”





Fomos conhecer a vila onde a maioria dos moradores locais residem e conhecemos uma pessoal muito legal. Lá existe uma cooperativa de pescadores e é aonde os barcos locais ficam atracados na barra do rio Boiçucanga.Os pescadores estavam repartindo um pescado de sororoca que acabara de chegar do mar. Puxa! Que peixes lindos! Deu até fome.

Voltando para o hotel paramos em uma pizzaria muito bonita e aconchegante, a Pizzaria Empório, onde para variar pedimos portuguesa e caipira de oito pedaços. Conhecemos o pessoal da pizzaria  que também ficou interessado em escutar a nossa história. A dona do estabelecimento até tirou foto conosco! Foi muito legal, fiquei emotivo  e quase chorei.





Voltamos para o hotel, fechamos a conta e nos transferimos para um chalé no camping Pé na Areia, no final da praia, pois a grana estava curta. Era somente um pernoite a mais, já tínhamos lavado as roupas e também não estava mais tão frio, por isso fomos para um lugar mais simples . O mar estava tão próximo do nosso chalé, que dava para sentir a vibração das ondas estourando na areia da praia .





Que noite de sono maravilhosa! Ainda bem, porque no outro dia, teríamos a serra de Maresias para subir e o nosso objetivo era chegar em Ilha Bela.